Alegria, Alegria de Caetano Veloso (1967)

Como Surgiu a Canção "Alegria, Alegria": A Revolução Musical de Caetano Veloso

Você sabia que uma única canção pode iniciar um movimento cultural? É exatamente isso que aconteceu com "Alegria, Alegria", uma das composições mais emblemáticas de Caetano Veloso. Lançada em 1967, essa música não apenas deu início ao movimento Tropicalismo, como também deixou um impacto duradouro na música popular brasileira. Vamos explorar como surgiu essa canção inovadora!


O Contexto da Composição de "Alegria, Alegria"

A história de "Alegria, Alegria" começa com Caetano Veloso, que estava inspirado pelo sucesso de "A Banda", de Chico Buarque, no Festival da Record de 1966. Caetano queria criar uma música que seguisse o estilo de marcha de Buarque, mas com uma pegada contemporânea e pop. Ele visava integrar elementos da cultura de massa da época, algo que se tornaria uma marca registrada do Tropicalismo.

A inspiração para a letra de "Alegria, Alegria" veio do ambiente efervescente dos anos 60, marcado por transformações sociais e culturais. A ideia era capturar a essência do momento, misturando o clima de revolução e renovação com uma perspectiva otimista e celebra tória. Além disso, Caetano se inspirou no bordão “Alegria, Alegria” usado pelo cantor Wilson Simonal em seu programa de TV, *Show em Si... Monal*. Simonal era uma figura popular da época e sua expressão foi adaptada por Veloso para criar um título que transmitisse um sentimento de júbilo e energia positiva.

A letra da música é descrita como "cinematográfica" por Décio Pignatari, que a comparou à técnica do Cinema Novo com a expressão "letra-câmera-na-mão". Isso significa que a composição tem uma narrativa vívida e visual, transportando o ouvinte para um ambiente dinâmico e envolvente. Caetano também fez uma pequena adaptação de uma citação do livro As Palavras, de Jean-Paul Sartre: "nada nos bolsos e nada nas mãos", que se transformou em "nada no bolso ou nas mãos" na música.


Influência Musical e Produção de "Alegria, Alegria"

O arranjo de "Alegria, Alegria" foi fortemente influenciado pelo trabalho dos Beatles, refletindo a crescente influência do rock na música popular brasileira. Caetano Veloso e seu empresário, Guilherme Araújo, convidaram o grupo argentino Beat Boys, radicado em São Paulo, para tocar as guitarras elétricas na faixa. Essa colaboração foi crucial para criar o som moderno e ousado que diferenciava a música das produções tradicionais da época.


A Reação no Festival da Record

A estreia de "Alegria, Alegria" ocorreu no III Festival da Record, em 1967, e causou um impacto imediato. A presença de guitarras elétricas chocou os "tradicionalistas" da música brasileira, que viam o rock como uma forma de alienação cultural. A rejeição inicial não impediu que a música conquistasse a plateia, que a recebeu com entusiasmo crescente. Apesar da resistência de alguns setores conservadores, "Alegria, Alegria" acabou em quarto lugar no festival, um resultado surpreendente e significativo.


O Impacto e o Legado de "Alegria, Alegria"

O sucesso inesperado de "Alegria, Alegria" catapultou Caetano Veloso ao status de popstar. A música não só estabeleceu sua carreira como um dos principais nomes do Tropicalismo, mas também solidificou sua posição na cena musical brasileira. O impacto da canção foi tão grande que ajudou a moldar o futuro da música popular no Brasil, influenciando gerações de artistas e consolidando o Tropicalismo como um movimento crucial na história da música.


O que acharam da história por trás de "Alegria, Alegria"? A música e o impacto do Tropicalismo ainda ressoam para vocês? Deixem suas opiniões e compartilhem suas lembranças nos comentários abaixo!

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Caetano Veloso - Alegria, Alegria (3º Festival da MPB - 1967)


Caetano Veloso - Alegria, Alegria


Alegria alegria - Show Caetano e Bethânia (10/08/2024)


Letra de Alegria, Alegria

Alegria, Alegria - Caetano Veloso

Composição: Caetano Veloso.


Caminhando contra o vento

Sem lenço, sem documento

No Sol de quase dezembro

Eu vou


O Sol se reparte em crimes

Espaçonaves, guerrilhas

Em cardinales bonitas

Eu vou


Em caras de presidentes

Em grandes beijos de amor

Em dentes, pernas, bandeiras

Bomba e Brigitte Bardot


O Sol nas bancas de revista

Me enche de alegria e preguiça

Quem lê tanta notícia?

Eu vou


Por entre fotos e nomes

Os olhos cheios de cores

O peito cheio de amores vãos


Eu vou

Por que não? Por que não?


Ela pensa em casamento

E eu nunca mais fui à escola

Sem lenço, sem documento

Eu vou


Eu tomo uma Coca-Cola

Ela pensa em casamento

E uma canção me consola

Eu vou


Por entre fotos e nomes

Sem livros e sem fuzil

Sem fome, sem telefone

No coração do Brasil


Ela nem sabe, até pensei

Em cantar na televisão

O Sol é tão bonito

Eu vou


Sem lenço, sem documento

Nada no bolso ou nas mãos

Eu quero seguir vivendo, amor


Eu vou

Por que não? Por que não?

Por que não? Por que não?

Por que não? Por que não?



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